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Parcerias na pandemia: experimentando outras formas de ensinar e de aprender
09/12/2020
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O que significa ser educador?
O que significa ser educador quando as salas de aula estão vazias?
O que significa e o que implica essa prática docente?
Faz décadas, séculos talvez, que todos que se colocam nesse caminho se perguntam essas e muitas outras indagações…
Quando acreditamos que encontramos a resposta para alguma dessas indagações, vem uma pandemia e leva tudo embora.
Talvez um educador progressista passe por esses momentos de busca e reflexão com uma frequência bem maior do que a de pandemias globais.
São tantas mudanças nos contextos locais, tecnológicos, físicos e políticos que se manter no mesmo lugar – seja ele geográfico, objetivo, subjetivo ou imaterial – parece quase impossível.
O nosso grupo de educadores da Escola Estadual Fernão Dias Paes – parte das iniciativas do projeto Catalise uma Escola (apoiado pelo Instituto MRV) – foi articulado por um encontro entre o nosso propósito de compartilhar saberes e práticas em torno da Aprendizagem Criativa Mão na Massa e a demanda da gestão escolar e desses professores de apoio para ministrarem as aulas do novo componente curricular de Tecnologia e Inovação.
Sendo assim, eles estiveram conosco nesse 2020 de tantas indagações e, mais do que isso, toparam esse processo de abertura ao novo, de reflexão, de redescobrimento e troca!
E como nos disse Sylvia, uma das professoras: “foi um tal de agir e refletir, numa espiral de aprendizagem”.
Desde abril estamos nos reconstruindo, agindo e refletindo, em momentos online síncronos e assíncronos. Aos educadores e educadoras, nossos profundos agradecimentos: Carlos, Conceição, Denise, Fatima, Jaime, José, Laura, Suely, Sylvia e Tatiana.
Durante nossos encontros discutimos tecnologia, modos de expressão, criatividade, cidade educadora, circuitos, motores, problemas da educação, soluções, sonhos, medos, receios, atividades em sala de aula, estratégias de lecionar e por aí vai…
Suely bem coloca que, fizemos tudo isso, mas com algumas diferenças “Obrigada pela oportunidade de ver e descobrir por meio de novas regras, novas ferramentas, experimentação”.
Em alguns momentos falávamos como professores que somos, mas em outros, o estudante em nós que falava mais alto, afinal, como já nos diz Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia “a inconclusão que se reconhece a si mesma implica necessariamente a inserção do sujeito inacabado num permanente processo social de busca”.
Que boniteza foi ler o depoimento da Conceição: “o que me encanta em vocês é essa disposição para o novo, essa disposição para mudança […]… é uma remoção da nossa pretensão, que estamos acostumados a querer elaborar demais todos os pensamentos, todas as falas e no final a gente se viu em algumas oficinas desafiados pelo básico, pelo mais simples de tudo, que era o que? Reconhecer um sistema, um sistema que funciona, com um lado positivo, um negativo, e que essas duas forças, ao final, iluminam um caminho.”
E que processo de busca e mudança no qual imergimos neste atípico ano!
Laura colocou esse processo em algumas palavras “As Rotinas de pensamento me forneceram um novo olhar sobre a avaliação formativa. Já os “Mão na massa” foram um grande desafio. Como eu nunca tinha lidado com leds, fios, motores e materiais afins, cada objetivo alcançado fez com que meus olhos brilhassem; e é esse mesmo brilho no olhar que quero ver nos olhos de meus alunos.”
Como mantermos nossos olhos brilhando na prática educativa?
A gente segue acreditando que o segredo é manter a curiosidade acesa, seja em forma de pergunta, de inquietação, de busca por esclarecimentos.
“Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos” como bem nos lembra Paulo Freire, mais uma vez no já citado Pedagogia da Autonomia.
Quando Jaime diz: “Essa emoção de poder sentir novamente “o sangue passando nas veias” é muito bacana! Me fez refletir e gostei de participar do curso pois me fez voltar à graduação, ao se deslocar para ver as coisas sob outro ângulo, aplicadas, na raça! Pude botar a mão na massa e fazer as coisas acontecerem! Se eu gostei, os alunos também podem gostar!”
…e Denise nos lembra do porquê escolhemos o mão na massa: “Quando começamos o mãos na massa a coisa ficou muito mais interessante e pude notar que era capaz de fazer coisas que nunca havia pensado, de maneira simples e criativa” temos uma certeza: Tudo que vivenciamos e experimentamos com estes professores neste ano, potencializou nossa ação, nossa reflexão, nossa atuação!
Ampliar o olhar, mostrar sua potência, como nos lembrou o professor José, sempre será nossa missão!
Que todas nossas curiosidades e indagações, transformadas em aprendizagens em 2020, sigam trazendo esperança e alegria para nossas vidas e práticas docentes no ano que já já se inicia!